Raios fúlgidos veneram esse solo que a tudo nos devolve quando a ele lançamos com amor
Tão vastas terras me brindam com a vida sagrada, onde tudo cresce e se faz vislumbrar
Sim, os campos Elísios vi florescerem e deles desabrocharem as mais belas rosas, das mais inimagináveis fragrâncias
Observei o crepúsculo donde a trevas e os fogos tingiam com esplendor as florestas e mares, rios e palmares
Venerei as chamas que a tudo despertam com seu calor maternal, que a tudo aquecem, e com seu imenso brilho chama a atenção de visão sem igual
Jurei por todas as marchas desse mundo que protegeria toda a resplandecência aqui simploriamente narrada
Mas logo, não pude acreditar, meu sonho poderia ali mesmo com o som de outras canções deixar de tocar
Eis que vejo por traz da névoa seres que a essa terra vem explorar
Minhas juras outrora relatadas, convertem-se em som de passos ousados
Passado meu desespero e pesar, percebo que por eles deverei lutar
Por eles muito tempo esperei e agora como viver mostrarei, nasci pelas gerações conturbadas e por elas haverei de resistir
Milhares espalham-se pelos terrenos ávidos donde os peixes e águias mais fugazes tornam-se agora alimento
Por centenas de anos crescem e se desenvolvem, e pela sentença afinada ou desgraçada entre eles inicia-se o convívio dos homens
Não mais apenas os olhares se entrelaçam e tentam se envolver, mas surge a curiosidade, como a brisa em direção ao amanhecer
Seus corpos e línguas ganham vida começam a versar, porém suas mentes incapazes de eliminar todo mal começam a oscilar
Eis aqui minha missão, por eles jorrará meu sangue, pois meus filhos são
A terra abençoada deverá continuar sua fiel esplanada
Meus nobres filhos, aprendeis o convívio dentre vós, amai-vos uns aos outros como o Pai amou a nós
Porque a paz devereis alcançar, e sobre tudo que for desfavorável terão que passar
Apesar de meus lamentos, tramas e guerras, as civilizações têm trazido lamúrias eternas
Dentre vós, milhares de mortos vejo, como as folhas que caem da árvore do firmamento
Porque da água que bebemos não nos saciamos, nossas vontades e desejos até hoje nos enganam
Acordai e relembrai que a sabedoria entre todos será despertada
A foice antes alçada, será apenas o símbolo de vossa jornada
Eis que a palavra foi içada, aos céus e mares vislumbrada, e por todos os ares exalada
Venha a nós o reino da inteligência e soberania, que a força execute seus termos com sabedoria
Que sigam nossos caminhos os ditadores bem aventurados, que das idéias obtidas possamos sempre ampliar nossos passos
Aos que ouvem nossas preces, com a venda nos olhos e o gládio empunhado traga a nós o caminho desejado
Porque aqui me revelo, sou sua mãe, sua rainha, sou eterna, sou o convívio pacífico entre os povos, sou a lira, sou eu a Democracia.
Autor: Paulo de Almeida Junior